Se Deus, o Pai, habita no Lugar Santíssimo do santuário celestial, e Cristo ministrou no lugar santo, não sugeriria que Ele e o Pai estivam separados um do outro imediatamente após a ascensão de Cristo?
Ángel Manuel Rodríguez
A presença de Deus dentro de Seu santuário não O aprisiona nesse espaço em particular. Deus optou por habitar com Suas criaturas no santuário celestial, mas Ele é livre para deslocar Sua presença para outras localidades, não apenas dentro do próprio santuário, mas também dentro do restante de Sua criação. Sua presença no universo não é restrita.
- A presença de Deus no santuário Israelita não era limitada ao Lugar Santíssimo: É verdade que, dentro do santuário Israelita, a glória da presença de Deus se revelava no Lugar Santíssimo (Êxodo 25:22). No entanto, isso não significava que Ele era incapaz de sair desse lugar ou mesmo do próprio santuário. Ele disse aos israelitas: “Estabelecerei a minha habitação entre vocês … Andarei entre vocês” (Levítico 26:11, 12).* Embora Deus habitasse entre os Israelitas em Seu tabernáculo, Sua presença não se restringia a ele. Ele é descrito como indo para uma caminhada, partindo do santuário, a fim de visitar o acampamento. Mais impressionantemente claro é Deuteronômio 23:14: “Pois o SENHOR, o seu Deus, anda pelo acampamento para protegê-los e entregar-lhes os seus inimigos. O acampamento terá que ser santo.” O texto sugere que Deus saía do santuário, a fim de lutar por Seu povo e derrotar seus inimigos. Durante o Dia da Expiação, Deus Se colocava de maneira especial no Lugar Santíssimo, a fim de realizar o próprio serviço de purificação (Levítico 16).
- A presença de Deus no santuário celestial não está limitada ao Lugar Santíssimo: O fato de que existe uma contraparte celestial para o Lugar Santíssimo não significa que Deus está restrito a ele. O salmista diz: “Na minha aflição clamei ao SENHOR; gritei por socorro ao meu Deus. De seu templo, ele ouviu minha voz; meu grito chegou à sua presença, aos seus ouvidos. A terra tremeu e agitou-se, e os fundamentos dos montes se abalaram; estremeceram porque ele se irou … Ele abriu os céus e desceu; nuvens escuras estavam sob os seus pés (Salmos 18:6-9). Deus ouviu a oração de Seu servo em Seu templo celestial, deixou o templo e desceu do céu a fim de livrar o salmista. Deus é representado aqui como uma pessoa dinâmica que Se move dentro de Sua criação, mesmo que Ele tenha Se colocado em uma fração particular do espaço, Seu templo celestial. Em uma de suas visões, Daniel viu Deus Se movendo de um espaço para outro em Seu templo: “Enquanto eu olhava, tronos foram colocados, e um ancião se assentou” (Daniel 7:9). Nessa ocasião, Deus Se localizou de maneira especial no Lugar Santíssimo, a fim de realizar uma obra de julgamento.
- Jesus e o Pai no templo celestial: O fato de que Deus não está circunscrito ao Lugar Santíssimo esclarece um elemento importante da obra de Cristo no santuário celestial. Em Sua obra de mediação diante do Pai, Cristo não foi separado dEle. A esse respeito, o paralelo entre o sumo sacerdote terrestre e Cristo como o Sumo Sacerdote celestial se rompe. Não devemos dar a impressão de que, após Sua ascensão e durante Sua obra de mediação no santuário celestial, Cristo não teve acesso a Seu Pai porque Eles estavam em diferentes compartimentos do santuário. A obra de mediação de Cristo por nós acontece na presença de Deus (Hebreus 6:20; 7:25; 9:24). Quando chegou a hora de Cristo iniciar Sua obra de julgamento durante o dia antitípico do Dia da Expiação, ambos entraram no Lugar Santíssimo do santuário celestial para realizar essa obra especial de purificação e julgamento (Daniel 7:9-11; cf. Hebreus 9:23).
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Ángel Manuel Rodríguez é teólogo e escritor.
*Textos nesta coluna são da Nova Versão Internacional.